Mário Fialho é acupunturista, professor do instituto multiversidade.com, psicólogo – universidade federal fluminense (uff) e bacharel em direito – universidade do estado do rio de janeiro (uerj)
Acupuntura recentemente foi reconhecida como patrimônio da humanidade. O que isso quer dizer? Na minha intuição, isso aponta para a importância que ela tem para todos os seres humanos, a humanidade, uma riqueza, um patrimônio de todos, pertencente portanto a todos, é internacionalmente reconhecida como um DIREITO DE TODOS.
A acupuntura se baseia em princÃpios simples e intuitivos partilhados por muitos povos antigos e presentes em todas as artes médicas, a uma noção fundamentalmente e sustentável dos recursos da vida, a capacidade da viva de regenerar. São os próprios recursos do corpo que convocados a encontrar “os caminhos†da cura pelos pontos de acupuntura resgatam sua informação “original†de saúde.
Na medicina ocidental esta ideia está presente no seu mito de fundação. As filhas de Esculápio, Panaceia e Higeia cada uma trazia uma cura diferente, uma nos afirmava que o remédio é a cura (panaceia), e a outra de que o próprio corpo tem os recursos de regenerar (higiene). A história da medicina no ocidente sempre foi uma relação dialética entre essas duas visões.
Mas por que acupuntura está em risco se ela é preventiva e quando trata usa os próprios recursos do corpo?
Acupuntura é tão simples e barata, utiliza apenas agulhas de metal (aço reciclável) e moxa (artemÃsia) que você pode até plantar, recursos plenamente renováveis como a própria energia humana.
Mas temos um problema sério, a verdadeira patologia, o capitalismo. Sim é preciso lembrar que vivemos num sistema de exclusão que classes hegemônicas se apropriam até dos saberes considerados patrimônio da humanidade!
Quando a saúde se torna cara, com procedimentos que não investem na promoção da saúde mas no tratamento de doenças, que se baseia em meios e produtos fruto de recursos finitos, que não podem ser garantidos para as próximas gerações; quando cada vez mais vamos na direção de uma saúde-consumo, educação-consumo, quando lógica da saúde virou uma ilógica estatÃstica de seguro. Teremos um futuro para a simplicidade e a facilidade de acesso da acupuntura para todos?
Assim, a acupuntura está em risco porque um dos procedimentos mais seguros e amplos de saúde que já surgiu neste planeta mas que começa a ser apontado como perigoso.
É preciso nos perguntar:
Por que um procedimento tão simples e eficaz não é disseminado como uma prática popular?
Por que chegam aos consultórios de acupuntura apenas a mesma elite que sempre teve acesso aos melhores recursos médicos e informação?
Por que insistimos em modelos de especialização e técnico-ciência nas áreas da saúde quando sabemos que o que elevou em 30 anos a expectativa de vida das pessoas foram as práticas sanitárias e preventivas de higiene?
E porque o procedimento de saúde que está entre os mais seguros entre todas as práticas é apontado como perigoso?
Efeitos colaterais da acupuntura:
Na “bula†da acupuntura diz assim, em 00,2% de chance de ocorrer qualquer incidentes.
Esses incidentes, ou efeitos colaterais são: agulha difÃcil de tirar, pequenos hematomas, tonteira, alteração da pressão e por fim, o mais grave, um pneumotórax.
Fica fácil assim, quando comparado com outros procedimentos, ver que são estatisticamente nulos os riscos da acupuntura e na equação risco x benefÃcio, fica fácil entender porque tanta gente, cada vez mais, em todos os paÃses do mundo tem buscado acupuntura.
O verdadeiro perigo:
Cuidado então com os verdadeiros riscos da má informação, dos interesses econômicos por trás desses falsos alertas, daqueles que dizem que acupuntura praticada por leigos é perigosa, que acupuntura só deve ser praticada por médicos ou por profissionais de saúde. Do ponto de vista da informação, há milhares de anos que acupuntura é praticada por leigos, pois mesmo, o mais sábio da antiguidade não se compara com o nÃvel de informação que um estudante de ensino médio recebe sobre saúde. E no que tange ao conhecimento da medicina tradicional oriental, somos todos leigos, sejamos médicos, psicólogos ou fisioterapeutas.
Roubo
Não seria novidade, mas é preciso denunciar, que isso seria mais um ROUBO do patrimônio que pertence a todos.
Visão
Por isso repetimos que precisamos de uma acupuntura popular, comunitária, acessÃvel a todos e que todos possam aprender.
Algumas referências e dados:
O Instituto Nacional de Consenso sobre Saúde e Acupuntura (EUA).
Em 1997, o Instituto Nacional de Saúde emitiu uma declaração de consenso sobre a acupuntura, que disse, entre outras coisas:
“Uma das vantagens da acupuntura é que a incidência de efeitos adversos é substancialmente menor do que a de muitas drogas ou outros procedimentos médicos aceitos utilizados para as mesmas condições.â€
“Essas condições dolorosas são frequentemente tratados com, entre outras coisas, os medicamentos anti-inflamatórios (aspirina, ibuprofeno, etc) ou com injeções de esteróides. Ambas as intervenções médicas têm um potencial para efeitos colaterais deletérios, mas ainda são largamente utilizados e são considerados aceitáveis tratamentos . As evidências que apóiam essas terapias não é melhor do que para a acupuntura.
99,8% da acupuntura é realizada sem significativos efeitos adversos; “Durante esses cinco anos, um total de 76 acupunturistas participaram do estudo, o número total de 55.291 tratamentos de acupuntura foi 64. O evento adverso mais freqüente foi a dificuldade em remover as agulhas após o tratamento, todos sem sequelas. O segundo evento adverso mais comum foi o desconforto, tontura, ou. transpiração, provavelmente devido à hipotensão transitória (diminuição da pressão arterial) associados com o tratamento de acupuntura.
Quando utilizando agulhas descartáveis e praticado por alunos que tiveram aulas sobre esses cuidados. Os resultados são de zero casos em 55.291.